29 de junho de 2006

Porque a ligação que se fazia no postal anterior para a crónica de FF, apresentava dificuldades técnicas de acesso, deixo aqui o texto integral:

«Ontem, a Lusa disse que no julgamento do processo Casa Pia foi ouvido um inspector da PJ sobre escutas a Paulo Pedroso. Diz a notícia: “Nas escutas há, designadamente, uma conversa entre Paulo Pedroso e o ex-juiz Simões de Almeida onde se refere que Carlos Cruz teria ‘comprado’ a capa da revista ‘Focus’.”
Comprado, na notícia, vem entre aspas. Na altura, eu era director da ‘Focus’. Um jornalista que se deixa comprar, com aspas ou sem, é um canalha. Um advogado pediu para eu ser ouvido, como testemunha, e eu vou a Tribunal dizer coisa simples. Ou aquela referência não existe, e quem a inventou vai levar um par de bofetadas em público. Ou existe e quem a disse (de ex-ministro a ex-juiz) vai levar um par de bofetadas. É só. É tempo de este caso começar a ter ideias simples.
»

As "bofetadas" de Ferreira Fernandes

Esta crónica, de Ferreira Ferandes, no jornal Correio da Manhã, levou a este comentário na Grande Loja do Queijo Limiano.
Republico aqui o comentário que por lá deixei:

Sou acérrimo leitor das crónicas e dos livros que, Ferreira Fernades, vai escrevendo. Sempre o tive e continuarei a ter como um dos melhores jornalistas portugueses. Sempre o admirei e admiro pela sua escrita íntegra, isenta e acima de tudo reveladora de uma grande honestidade intelectual. Nem sempre concordo com ele mas sempre respeitei a sua opinião.

Ferreira Fernades resume o que deve ser um bom jornalista. Que continue sempre assim e se para tal forem precisas bofetadas que seja.

Um Abraço!

28 de junho de 2006

"Soneto da Separação" #2

No seguimento do comentário ao post anterior deixo-vos a versão musicada pelo próprio Tom Jobim.
Poderão, assim, confirmar o que dizia Maria Miguel.
Para ouvir clique: aqui.
(NOTA: Para ouvir é necessário que tenha o bloqueador de pop-ups desactivado. Para desactivar o do internet explorer: 1. Ferramentas (tools) -> 2. bloqueador de pop-ups (pop-up blocker) -> 3. desactivar (turn off).

Mais uma vez, obrigado M...
e à Maria Miguel,
cujo aparecimento, é esperado, um dia!

27 de junho de 2006

Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes

26 de junho de 2006

"Os livros mudam o destino das pessoas."

«Eu não risco os livros. Faço as anotações à parte e introduzu-as nas páginas enquanto trabalho. Depois retiro-as e atiro-as para o cestos dos papeis.
(...)
Repare, não é qualquer um que escreve. Quer dizer: não o deveria fazer.
(...)
Confesso que algumas reflexões me tentaram, mas um leitor é um viajante através de uma paisabem que se foi fazendo. E é infinita. A árvore foi escrita, e a pedra, e o vento na ramaria, a saudade dessas ramagens e o amor ao qual emprestou a sua sombra. E não encontro melhor sina que percorrer, em poucas horas diárias, um tempo humano que, de outro modo, me seria alheio. Não chega uma vida para percorrê-lo. Roubo a Borges metade de uma frase: uma biblioteca é uma porta no tempo
[excerto de uma conversa entre o Autor e Delgado, no romance de Carlos María Domínguez, «A Casa de Papel»]
Obrigado M..., pelo excelente livro e por...

20 de junho de 2006

Obrigado

De um blogue chegado chega-nos uma dedicatória fantástica, à qual, não só por uma questão de cortesia, mas principamente porque verdadeiramente agradecidos e reconhecidos, não podemos deixar de agradecer e de o fazer de forma pública.
Obrigado a quem, do "tecto do mundo", nos dá o prazer da sua presença e companhia, sempre assíduas.

Ainda o Google Earth

(para aumentar, clique na imagem)

Deixo aqui mais uma fantástica imagens conseguida graças ao Google Earth.
Esta vai dedicada a Laura Tavares, a ver se consegue descobrir de que sítio se trata...

14 de junho de 2006

O fantástico "mundo" do Google Earth

Localização: 37º47'46.44'' N 25º29'37.94'' W
Para os mais distraídos: ilha de São Miguel - Açores
Altitude da vista: 54,88 Km.
(NOTA: o programa Google Earth é de partilha livre. Clique na ligação indicada para baixar o programa para o seu computador.)

6 de junho de 2006

Mia Couto

Para quem não o conhece...
Mia Couto, pseudónimo de António Emílio Leite Couto, nasceu a 5 de Julho de 1955 na Beira, Moçambique. Terá encontrado no seu meio familiar um ambiente cultural e intelectual favorável ao seu desenvolvimento enquanto escritor. Muito cedo, aos catorze anos, publicou os seus primeiros poemas num jornal. Profissionalmente já foi professor, jornalista e biólogo. Enquanto escritor, Mia Couto possui uma obra reconhecida internacionalmente que foi já adaptada ao cinema e ao teatro e está representada em várias antologias, tendo sido também objecto de vários estudos. A sua escrita espelha um maravilhoso universo ficcional, intensamente ligado à cultura e imaginário moçambicanos e aos mitos rurais e urbanos que, sustentados em formas de arte verbal da oralidade popular, tornam a sua escrita única e fazem deste escritor um contador de histórias único.
"Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer."
Mia Couto, in Mar Me Quer, Caminho 2000

3 de junho de 2006

A pena de morte como factor dissuasor da criminalidade

(...)

"Outra explicação para a diminuição do crime é frequentemente citada a para da prisão: o aumento da aplicação da pena de morte. O número de execuções nos Estados Unidos quadruplicou entre os anos 80 e os anos 90, conduzindo muitas pessoas a concluir (...) que a pena de morte ajuda a diminuir o número de crimes."

(...)
[Porém tal não é, de todo, verdade, por duas grandes razões:]
(...)

"Em primeiro lugar, dada a pouco frequência com que as execuções são levadas a cabo neste país [Estados Unidos da América] e a enorme demora em aplicá-las realmente, nenhum criminoso razoável deveria ficar intimidado com a ameaça de execução. Embora a pena capital tenha quadruplicado no espaço de uma década, houve «apenas» 478 execuções em todo os Estados Unidos durante os anos 90. (...) O Estado de NY, por exemplo, não registou uma única execução desde que voltou a instituir a pena de morte, em 1995. Até mesmo entre os prisioneiros do corredor da morte, a taxa de execução anual é «apenas» de dois por cento - o que é muito pouco comparado com os sete por cento de probabilidade de morte enfrentada todos os anos por um membro da quadrilha negra de tráfico de droga (...). Se a vida no corredor da morte é mais segura do que a vida nas ruas, é difícil de acreditar que o medo da execução seja uma força motriz nos cálculos de um criminoso."

(...)
"A segunda falha no argumento da pena de morte é ainda mais óbvia. Pensemos por um momento que a pena de morte é um facto de dissuasão. Quantos crimes é que ela, na realidade, dissuade de praticar? O economista Isaac Ehrlich, num artigo
ciêntífico de 1975, muitas vezes citado, avança uma estimativa que é geralmente considerada optimista: a execução de um criminoso traduz-se em menos sete homicídios que o criminoso poderia ter cometido. Agora, façamos as contas. Em 1991, houve quatorze execuções nos Estados Unidos; em 2001, houve sessenta e seis. De acordo com os cálculos de Ehrlich, essas cinquenta e duas execuções a mais teriam evitado trezentos e sessenta e quatro homicídios em 2001 - um número que não é desprezível, claro, mas que representa menos de quatro por cento da diminuição real de homicídios nesse ano. Assim, mesmo na melhor das hipóteses, para um defensor da pena de morte, esta apenas poderia explicar vinte e cinco avos da queda do número de homicídios nos anos 90. E, uma vez que a pena de morte raramente é aplicada a crimes diferentes do homicídio, o seu efeito
dissuasor não pode ser tomado em consideração para o declínio dos outros crimes
violentos."
"É, pois, extremamente improvável que a pena de morte, tal como é aplicada nos Estados Unidos, exerça qualquer influência real nas taxas da criminalidade."
(...)
Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, in Freakonomics,
Editorial Presença

1 de junho de 2006

A pedido de "algumas" famílias...
Mais um post.
Não um verdadeiro post, antes uma remissão para (mais) uma discussão interessante sobre o processo penal.