7 de fevereiro de 2012

Ser juiz em Portugal

Ainda que não partilhemos a mesma profissão, somos parceiros na defesa e na aplicação da justiça em Portugal, nessa medida, não só por amizade, mas, principalmente, porque o reconhecemos como um verdadeiro Magistrado Judicial, apoiamos a sua candidatura à Associação Sindical dos Juízes Portugueses.

Fica, aqui, um texto da autoria do próprio publicado no Correio da Manhã.
"Ser juiz em Portugal
Nenhum juiz pode renegar os propósitos e princípios de preservar a independência e criar os pressupostos necessários a uma renovação assente na cooperação institucional, na qual o juiz assuma o papel de charneira.
Constatando os erros que no passado têm sido cometidos, há que envidar esforços para assegurar que não se repitam. É hora de esbater o notório desencanto do cidadão comum para com o poder judicial, onde já só a custo consegue divisar o reservado e ponderado juiz. É hora de relegar para segundo plano artificiosas operações de cosmética, como a pretensa reinvenção de uma deslocada ética ou a adesão a adventícias técnicas de propaganda e práticas pouco compatíveis com a desejável postura de responsabilização do juiz pelas suas decisões.
É hora de intentar dar voz aos que vivem no dia-a-dia a difícil missão de julgar e que, mais imbuídos desta vocação, suportam os inconvenientes que para todos decorrem da jactância de alguns, propensos a outros desígnios.
Deve ser dada prioridade ao reforço das condições necessárias a um salutar desempenho do múnus da judicatura, na convicção de que a imagem da justiça há-de sempre decorrer do modo como é exercida."

Por: Araújo de Barros, juiz do Tribunal da Relação de Guimarães


E aqui, uma entrevista ao Correio da Manhã, por altura da apresentação da sua candidatura:

Virar os juízes para dentro

Araújo de Barros, Desembargador em Guimarães, sobre candidatura à Associação Sindical dos Juízes Portugueses 

Correio da Manhã – Qual o ponto central da sua candidatura?Araújo de Barros – É lembrar às pessoas que a justiça se faz nos tribunais e que os juízes só fazem justiça nos tribunais. O resto são confabulações. Nos últimos tempos, o que tem prejudicado mais a justiça é as pessoas falarem do que não sabem.

– Defende uma nova forma de actuar na Associação Sindical dos Juízes?– Sim. Entendemos que a Associação tem ido para metas que não são as que o juiz tem de procurar. O juiz tem de fazer boa justiça nos tribunais e deixar o resto aos outros.

– O que pretende fazer nesse sentido?– Virar os juízes para dentro. Lutar pelos direitos sindicais dos juízes e para que tenham condições nos tribunais.

– Concorda com a proposta da reforma judicial?– Não quero, por enquanto, manifestar a minha opinião.