6 de maio de 2005

"A Interprete"

Fui ver com M… o novo filme de Sydney Pollack “A Interprete”, com Nicole Kidman e Sean Penn nos principais papeis.

Francamente, gostei e aconselho. Não pelo facto de a cena inicial ter sido filmada em Moçambique, mas também pela brilhante interpretação de N. K..

Vale o filme, pela fiel representação do "sentir África”.

Encontrei no filme um sentimento que reconheci noutras pessoas, noutras situações: África não é dos negros, mas de quem nasce.

Não esse lugar comum de quepátria é onde nascemos”. A ligação de África com quem nasce e/ou viveu, conviveu com as suas gentes, é diferente de qualquer outra ligação à mãe pátria. É uma ligação muito mais forte do que qualquer outra. África entranha-se na pele de quem por passou e fica um sentimento forte, uma saudade própria, uma melancolia inigualável, um aperto no coração na hora da partida, uma ânsia da expectativa do regresso, uma paixão pela sua terra, pelas pessoas, pela sua imensidão, pelo seu horizonte inantigível mesmo pelo olhar...

Vejam o filme, talvez consigam perceber, melhor, o que quero dizer.

1 de maio de 2005

Não chega, já!?

Quero apenas partilhar algumas questões que, nos últimos dias, me tem vindo a atormentar o espírito.
Não conheço o processo. O juízo de valor que aqui faço é única e exclusivamente baseado no que transparece da comunicação social.
Será compreensível que uma testemunha esteja a ser ouvida há mais de 1 mês (a caminho do mês e meio), num processo judicial?
Refiro-me ao processo casa pia e a Catalina Pestana, que ao que me deu perceber continuará a ser ouvida na próxima semana.
Terá a tal senhora assim tanto para dizer? Terá competência para se pronunciar sobre o estado de espírito das crianças ou a forma como as mesmas foram afectadas pelo que se passou - não será preferível ouvir isso da boca de um especialista (sem querer negar o sofrimento e as alterações psíquicas que podem resultar para as vítimas)? Até que ponto será válido o seu depoimento, na medida em que refere o que lhe foi dito pelas crianças (lembro que o depoimento indirecto só vale como prova em casos muito específicos)?
E já agora, porque é que um documento que estava em posse da PJ desde 2003, supostamente, elaborado por uma das vítimas e que descrevia os encontros e que neles participava, só agora foi levado a julgamento?
Que raio de julgamento é este? Que raio andarão os digníssimos magistrados a fazer? Que raio de justiça é esta?
Ou será que o processo está de tal forma inquinado, que a única forma de se conseguir dar alguma credibilidade a toda essa trapalhada é arrastar este circo todo?
Será má vontade minha? Será que ninguém mais percebe o absurdo disto tudo?
Não chegará já de se brincar à justiça, e começarem a trabalhar como deve ser, cumprir as funções que lhes foram destinadas, sem rodeios, sem protagonismos...
De facto, quando em vez de juízes e procuradores temos funcionários públicos a desempenhar essas funções, é nisto que dá...