15 de abril de 2005

Belo Belo

E não fosse este um Blog dedicado, em parte, á bela poesia de Manoel Bandeira. Este, para mim, é um dos mais belos dele... Espero que apreciem, tanto quanto eu.

Belo belo belo,

Tenho tudo quanto quero.
Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas cadentes.
A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.
Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.

Manoel Bandeira.

1 comentário:

Anónimo disse...

LINDO!

Não há dúvida de que as coisas simples são as mais belas...

;)