10 de maio de 2006

Omar Khayyam

"Todos sabem que eu nunca murmurei uma oração.
Todos sabem que nunca tentei dissimular os meus defeitos.
Ignoro se existe uma Justiça e uma Misericórdia...
Entretanto, tenho confiança, porque sempre fui sincero."


(...)

"Os nossos dias fogem tão rápidos como àgua do rio ou vento do deserto.
Entretanto, dois dias me deixam indiferentes:
O que passou e o que virá amanhã
."




in Rubaiyat
(Versão de Fernando Couto, editora Moraes)
(Omar Khayyam, poeta, matemático e astrônomo persa nascido em Nishapur por volta do ano 1044. Seu nome completo era Ghiyath Al Din Abul Fateh Omar Ibn Ibrahim Al Khayyam.
Ele foi famoso em vida como o matemático e astrônomo que calculou como corrigir o calendário persa. O seu calendário tinha uma margem de erro de um dia a cada 3770 anos. Contribuiu em álgebra com o método para resolver equações cúbicas pela intersecção de uma parábola por um círculo, que viria a ser retomada séculos depois por Descartes.
A filosofia de Omar Khayyam era bastante diferente dos dogmas islâmicos oficiais. Concordou com a existência de Deus mas se opos à noção que cada acontecimento e fenômeno particular era o resultado de intervenção divina. Em vez disso ele apoiou a visão que leis da natureza explicam todos fenômenos particulares da vida observada.
Como poeta é conhecido pelo Rubaiyat, que ficaria famoso a partir da tradução de Edward Fitzgerald em 1839. - fonte: Wikipédia).

4 comentários:

MBSilva disse...

Apelativo este post! Como sempre, caro JTR, obriga-nos a ponderar sobre certas ideias que se reflectem na nossa vida, no nosso dia-a-dia!

Devo dizer que acredito que tanto a verdade como a sinceridade devem ser, mais do que recompensadas, reconhecidas! É, ou será, um ponto de partida...

Concordo que cada acontecimento e fenómeno não resultam de qualquer intervenção divina...
Já quanto à indiferença com "o que virá amanhã"... Se em relação ao "que passou" já nada podemos fazer, "o que virá amanhã" pode ser resultado de algo que decidimos e/ou fazemos hoje. Por esse dia (o de amanhã) não pode deixar-me indiferente!

JTR disse...

Julgo, cara MBSilva, que o pensamento de Omar, se prendia com algo mais mediato, uma espécie de "carpe diem". Não, deixa, no entanto de ter razão no que diz. E também não posso deixar de concordar consigo.

MBSilva disse...

:)

Anónimo disse...

Fez-me lembrar:

"Sim, sei bem
Que nunca serei alguem.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser."

de Ricardo Reis.