30 de janeiro de 2007

"Ode" à Lua


Ao deitar-me apercebi de uma presença do outro lado da janela. Uma claridade branca, branca, entrava pela janela. Ao abrir as cortinas confirmei a suspeita. Lá estava ela, a olhar para mim, do alto da sua alvura...

Por que tens, por que tens olhos escuros
E mãos lânguidas, loucas, e sem fim
Quem és, quem és tu, não eu, e estás em mim
Impuro, como o bem que está nos puros ?

Que paixão fez-te os lábios tão maduros
Num rosto como o teu criança assim
Quem te criou tão boa para o ruim
E tão fatal para os meus versos duros?

Fugaz, com que direito tens-me pressa
A alma, que por ti soluça nua
E não és Tatiana e nem Teresa:

E és tão pouco a mulher que anda na rua
Vagabunda, patética e indefesa
Ó minha branca e pequenina lua!


Vinicius de Moraes

2 comentários:

un altro se disse...

A Lua... tem algo de inebriante...
Feiticeira!

Deixa-nos presos a ela assim, como descreve Vinicius.
Belo poema...

Anónimo disse...

A Lua…” luz dos amantes, a magia perfeita, guia dos errantes”…é mágica e assombroso o efeito que em nós provoca…pura magia!