Que legitimidade poderá ter alguém que, sabendo que ofende e que mexe com fundamentalismos, ainda assim, "goza" com valores que para determinadas pessoas, sabe serem sagrados ? A liberdade de expressão?
Parece-me não se poder tomá-la como absoluta. Terá os limites do que, em consciência, se sabe ser ofensivo para o caricaturado.
Parece-me não se poder tomá-la como absoluta. Terá os limites do que, em consciência, se sabe ser ofensivo para o caricaturado.
Lógico que não pretendo justificar as reacções.
13 comentários:
Uma coisa é certa, numa época como a que atravessamos: de crise de princípios e valores, consegue chocar a "relatividade" (se não mesmo irresponsabilidade) com que se "abordou" aquilo que para tantos é sagrado!
Irresponsabilidade, na medida em que não se podia ignorar a "particularidade" das pessoas em causa e as suas eventuais reacções.
Em muito se ultrapassou a liberdade de expressão!
Acenderam um rastilho de pólvora que, agora, ninguém sabe como controlar ou parar - onde e o que vai atingir!
Seja como for, ("lógico") NADA, nem mesmo o que se passou, justifica os comportamentos violentos a que temos assistido!
A ver vamos onde isto vai parar...
Sobre esta questão, sugiro, também, a leitura do "incursões" (onde a discussão ainda ferve)...
Precisamente.
Julgo que a questão é bastante simples, tão simples como consta do teu post. Não percebo por que razão as individualidades bem pensantes deste país caíram em cima do Daniel Oliveira.
Não estamos sozinhos, também estamos em sintonia com o Ângelo Correia.
Os "cartoons" foram obviamente excessivos. É um erro crasso confundir islão com terrorismo, já tínhamos ouvido e com certeza concordado. No entanto as reacções islâmicas foram completamente descabidas e desproporcionadas, para mais quando foi imediatamente emitido um pedido de desculpas por parte da Dinamarca e o despedimento de alguns responvaveis editoriais de alguns dos jornais visados.
Mas não deixa de ser estranho que só passado meio ano de lembrem destes cartoons... sim, porque eles não saíram esta semana, a maior parte saiu em Stembro/ Outubro de 2005. E se juntarmos a esta "represtinação" a vitória do Hamas na Palestina na mesma altura, talvez as coisas ganhem um novo sentido. É que nada surge por acaso nesta luta de bastidores. O terrorismo pode ter ganho um novo folêgo. Vamos ver a resposta das Democracias Ocidentais.
Como se poderá exigir compreensão, contenção, calma ou desportivismo na discussão de ideias, a fundamentalistas?
É aí que entram as lideranças. É apenas uma amostra daquilo que o Hamas pode fazer/influenciar. Isto já tinha saído há meses e ninguem se lembrou... só agora. Freud é que tem razão: todo o fenomeno religioso é uma neurose (isto para a massa-povo, porque para os líderes a religião é uma desculpa).
Concretizando, se as democraciais forem fortes com os líderes fundamentalistas (demonstrando alguma boa vontade sem perder a sua identidade)a situação pode chegar a bom porto. Agora fazer mais do que pedir desculpa é ridiculo.
Surgem agora "desculpas" para a publicação de tais 'cartoons'. Uma é de terem como objectivo por à prova o "civismo e compreensão" dos muçulmanos!
Mas querem enganar quem?!
O problema é que tenho dúvidas se alguma vez passou pela cabeça desses "estrategas" uma reacção tão violenta como a que assistimos.
Ter-se-ão esquecido que na maioria (se não na sua totalidade) não há qualquer separação de poderes! E que a religião é o que de mais sagrado têm!!
Muito oportuno o comentário relativo à vitória do Hamas na Palestina!
Esperemos é que apareça uma solução para apaziguar os ânimos e que não seja tarde demais!
Conseguem imaginar todos os muçulmanos (e grupos a eles associados - o meu medo são os radicais!) aliados na mesma 'cruzada' contra os "prevaricadores ocidentais"?
Julgo que a questão não estará em pedir desculpa. Desde logo porque se se reconhece o erro à posteriori, significa, que já se sabia da asneira de antemão.
O problema (e ao contrário da caricatura do papa com o preservativo no nariz) está em que "nós" (ocidentais) temos uma visão mais moderada do nosso sentimento religioso e reconhecemos os excessos dos outros, por isso lhe chamamos fundamentalistas. E sabemos reconhecer até onde vai o sentimento religioso dos outros.
Por isso, e como sinal de inteligência, não podemos ter a pretensão de que os outros respondam ou sintam as "ofensas" aos seu sentir religioso da mesma forma que nós. Desde logo porque sabemos, de antemão, que isso não é assim.
Não se pode pedir a quem mata por matar, pela sua crença, que tenha compaixão para com os outros. A quem manda um avião contra um edifício que seja moderado... que pense bem no que vai fazer.
Não podemos, enquanto ocidentais, tentar impor os nossos valores a quem não os tem ou a quem não os conseguirá, alguma vez, percebe-los, compreendê-los e interiorizá-los. Nem tão pouco podemos ter a pretensão de que os nossos valores são os correctos, os melhores, os certos….
Há que perceber que lidamos com pessoas que têm uma visão totalmente diferente da nossa e, a partir daí, procurar nas diferenças pontos de ligação e aí procurar um diálogo construtivo, respeitando sempre o outro, mesmo que o reverso não aconteça. Alguém tem que começar por ceder.
Não quero estar aqui com sermões ou a dar a ideia de que encontrei a solução. Manifesto apenas a minha visão do problema e o que julgo poder ser um ponto de partida.
Quem fez as caricatura, quem as publicou e quem as divulgou, sabia ao que ia e devia e podia antever a reacção.
Não se pode pedir ou exigir contenção a quem, reconhecemos, não a ter. Nem tentar impôr o "nosso" civismo, a quem partilha de valores e cultura diferente.
Com efeito, "devia" antever a reacção, mas não me parece que o tenha feito.
E a "procissão ainda está no adro"!
E permita-me, não matam "por matar"... Sabem bem por que ou por quem o fazem: em nome de algo em que acreditam profundamente. Para eles significa um passaporte para a eterna felicidade, uma "benção".
Para nós (ocidentais) algo de inconcebível e incompreensível...
Lá está! Perante tais diferenças (culturais, sociais, políticas, religiosas): diálogo, "bom-senso" (indispensável, segundo o "nosso" MNE)?
Até porque... qual o alvo dos "cartoons"? "Aquilo" e tudo em que mais acreditam!
Difícil, muito difícil...
A liberdade de expressão (que, concordando inteiramente consigo, "tiago", deve ser reconhecida e respeitada!) não pode ignorar e deve atender às particularidades dos seus "alvos"!
Diz, e bem, que NA Europa, encontramos muitos exemplos de "cartoonistas que 'gozam', ofendem e ferem suscepitibilidades - diariamente - sem este tipo de repercussões." Mas fala DA e NA Europa!
A realidade dos países muçulmanos está muito longe da realidade da Europa. Surge aqui o tal "choque de civilizações" de que fala.
Exigia-se, pelo menos, mais cautela! Mesmo que nunca nos passasse pela cabeça que "meros" (para nós!) cartoons pudessem desencadear as reacções violentas a que, ainda hoje, assistimos.
Quanto à questão que colocou... ("assim de repente") não me lembro de nenhum!
Caro Tiago:
Conheço um... a Palestina.
Caro/a Lavocat...
"Touché"!!
:)
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