"Governo põe Portugal à venda" é o título que o jornal El País dá a uma peça acerca do ano que passou em Portugal. O diário espanhol relembra a venda da TAP, da ANA ou dos estaleiros de Viana.
"Em poucos dias, o Governo português vai-se desfazer da companhia aérea nacional, a TAP; dos aeroportos portugueses; decidirá a sorte da sua televisão pública e venderá os estaleiros de Viana do Castelo", começa o El País. "Enquanto os cidadãos, sobrecarregados por cortes de serviços públicos e subidas de impostos equivalentes a um mês de salário, assistem estupefactos e deprimidos a esta cerimónia de despojamento que começou há um ano".
O jornal faz um balanço do que pior aconteceu em Portugal em 2012, desde a venda da EDP aos chineses da Three Gorges, às privatizações eminentes da TAP e da ANA, à venda da RTP e dos estaleiros de Viana, passando ainda pelas taxas moderadoras e pela ausência da Eurovisão para "poupar".
Acerca do interesse da Newshold na RTP, escreve o El País, "não deixa de ser paradoxal (e simbólico) que, quase quarenta anos depois da independência das antigas colónias lusas em África, um potente grupo angolano pretenda apropriar-se da televisão que é o emblema da antiga metrópole".
Espanhóis recordam ainda o resgate pedido por Portugal à 'troika' para evitar a insolvência, no valor de 78 mil milhões de euros.
Apesar de a Espanha ter decidido hoje não pedir um resgate total à União Europeia, relembre-se que vai receber do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira quase 40 mil milhões de euros para recapitalizar o seu setor bancário.